Estes resultados provêm de dados coletados entre 422 estudantes entre os 5 e os 10 anos de idade. Os cientistas mediram o peso, a altura e a cintura de cada participante. Informações sobre o estilo de vida e o estado sócio-econômico foram obtidas através de entrevista telefônica com seus pais.
Os pesquisadores observaram que 20% dos garotos e 24% das garotas estavam com sobrepeso. As crianças que dormiam menos de 10 horas/noite estavam com um risco 3,5 vezes maior de se tornarem com sobrepeso que aquelas que dormiam 12 ou mais horas. Nenhum outro fator analisado no estudo – obesidade parental, nível de educação dos pais, recursos econômicos da família, tempo gasto assistindo televisão ou no computador, atividade física diária – teve tanto impacto na obesidade quanto o tempo gasto dormindo.
Para os pesquisadores, a produção de hormônios é atualmente a principal hipótese para explicar a relação entre o sono e a obesidade. “A falta de sono diminui os níveis de leptina, um hormônio que estimula o metabolismo e diminui a fome. Além disso, poucas horas de sono aumenta a concentração de grelina, um hormônio que aumenta a fome”, explica o Professor Ângelo Tremblay, co-autor do artigo.
O aumento da obesidade e a diminuição do número de horas dedicadas ao sono podem assim estar mais relacionadas que poderia parecer à primeira vista. Entre 1960 e 2000, a prevalência de obesidade dobrou na população enquanto a média de horas de sono diminuiu em uma a duas horas. Durante o mesmo período, a percentagem de adultos jovens que dormiam menos de sete horas foi de 16% para 37%.
“É irônico que parte da solução para a obesidade esteja no sono, a mais sedentária de todas as atividades humanas. À luz dos resultados deste estudo, a melhor prescrição contra a obesidade em crianças seria encorajá-las a se movimentarem mais e certificar-se de que durmam o necessário“, conclui Tremblay.