O sono é uma das atividades mais corriqueiras e mais misteriosas do cérebro humano. Todo mundo sabe que uma noite sem dormir atrapalha o humor, a memória e a concentração. Exatamente como o sono faz isso, no entanto, é uma pergunta que ainda não foi respondida satisfatoriamente. Agora, um grupo de pesquisadores americanos acaba de dar um passo importante nessa busca.
Giulio Tononi, da Universidade de Winsconsin-Madison, e seus colegas conseguiram recriar as ondas cerebrais típicas do estado de sono profundo em um grupo de voluntários. O feito pode, um dia, melhorar o entendimento dos cientistas a respeito do sono e também gerar novos tratamentos para pessoas com dificuldades para dormir.
Cerca de 80% do tempo que passamos dormindo é ocupado pelas ondas de sono profundo, quando a atividade cerebral fica mais lenta -- uma onda ocorre mais ou menos a cada um segundo. Com estimulação magnética, os pesquisadores instigaram o sono profundo nos voluntários. Os resultados estão publicados na revista da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos, a “PNAS”, desta semana.
Segundo os cientistas, as ondas mais lentas do sono profundo podem guardar o segredo de porquê dormir faz tão bem ao cérebro. Pessoas que passaram muito tempo sem dormir, por exemplo, costumam ter esse tipo de ondas em maiores quantidades e intensidades assim que dormem. Esse tipo de atividade também diminui conforme dormimos, o que indica que a necessidade do sono pode estar sendo satisfeita.
Antes de partir para as pesquisas, ou para os tratamentos, que podem surgir da técnica, o grupo precisa agora provar sua eficácia. Se o sono estimulado pelo estímulo magnético der os mesmos resultados do sono “natural”, um importante campo se abre. No futuro, pode-se criar até um aparelho que instigue o sono profundo por algumas horas -– com os mesmos resultados de uma boa noite de oito horas.