Motoristas devem ficar de olhos bem abertos, pois estima-se que cerca de 20% dos acidentes de trânsito estejam associados à sonolência. Os dados são da Fundação Nacional do Sono (Fundasono), que fez ontem ação na Praça Afonso Arinos, no Centro de Belo Horizonte, dando início à programação da Semana Nacional do Sono. Quem passou pela praça recebeu informações sobre qualidade do sono e fez o exame de pupilografia, que detecta e avalia os níveis de sonolência. Até sexta-feira, a Fundasono vai promover palestras sobre o assunto.
Na quinta-feira, às 16h30, a palestra é aberta ao público e tem entrada franca. O presidente da entidade, Dirceu de Campos Valladares Neto, psiquiatra e especialista em doenças do sono, vai falar sobre a prevenção de acidentes, no auditório do Departamento Estradas de Rodagem (DER), na Avenida dos Andradas, 1.120. Em levantamento realizado pelo médico com 639 motoristas não profissionais, 7% dos entrevistados admitiram ter dormido ao volante, provocando acidentes. “Os reflexos de uma pessoa sonolenta caem pela metade. Se o motorista percebe o estado de sonolência, a recomendação é que ele pare em local seguro, durma por 15 minutos e, depois, tome uma bebida estimulante, como café”, afirma.
Uns dormindo de menos, outros demais. A costureira Sônia Maria dos Santos, de 46 anos, estava na fila do exame de pupila, em busca de explicação para seu sono excessivo. “Em certos dias, quase durmo em cima da máquina de costura. Tenho bruxismo e não sei se tem alguma relação. Costumo dormir cerca de sete horas por noite, mas não é um sono repousante”, afirma. Além da apneia e da insônia, as doenças mais comuns relacionadas ao sono são o bruxismo, a catalepsia e o ronco.
A recomendação do médico é de que a pessoa durma o tanto necessário para se sentir disposta e em alerta durante o dia. “Isso varia conforme a pessoa. A média é entre sete e oito horas de sono por noite”, comenta. Segundo ele, cerca de 10% da população de grandes centros têm insônia crônica, caracterizada pela dificuldade de dormir pelo menos três vezes por semana e por mais de 30 dias, e, ao volante, correm 2,5 vezes mais riscos de acidente. Quem tem apneia, distúrbio que provoca paradas respiratórias durante o período de sono e atinge cerca de 8 milhões de pessoas, aumenta em sete vezes as chances de acidente, se dirigir. (FA)